Os versos do Gopi-gita foram revisados por Chandra Devi Dasi e encontram-se a seguir:

TEXTO CORRIGIDO

Versos do Gopi-gita
A canção de separação das gopis
(Srimad Bhagavatam, Décimo canto, Capítulo trinta e um)

Cantado por Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaj
Fundador-Acharya da Sociedade Internacional de Bhakti Yoga Pura (IPBYS).

Invocação


Umas breves palavras...
 (tradução para o português da introdução em hindi)
 
Quando Sri Krishna desapareceu do rasa-sthali, as gopis de Vraja cantaram a canção, chorando por estarem separadas Dele. Quando a canção chegou a Seus ouvidos, Seu coração se derreteu. Ele não podia mais se esconder. Ele imediatamente manifestou Sua forma encantadora, que rouba a mente do Cupido, e humildemente permaneceu diante delas como um ofensor.
Sua canção de separação, Gopi-gita, é a seguinte:
Gopi-gita
(1)
As gopis dizem, “Ó mais querido, devido ao Seu nascimento nessa terra de Vraja, toda a área se tornou mais gloriosa que Vaikuntha e os outros planetas. Por essa razão, Lakshmi, a Deusa da beleza e da fortuna, eternamente a decora com sua presença. Ó querido, nessa bem-aventurada terra de Vraja, somente nós as gopis não estamos felizes. Nós mantemos nossas vidas, somente por Sua causa, estando extremamente angustiadas por estarmos separadas de Você e, perambulando de floresta em floresta, estamos a Sua procura. Portanto, por favor, apareça agora diante de nós.
(2)
Ó Krishna, mestre dos prazeres amorosos, ó Você, que concede as bençãos, nós somos suas servas não remuneradas. Você está nos matando pelo vislumbre de seus olhos, que roubam até mesmo a orgulhosa beleza do lótus supremamente encantador, que desabrocha belamente nos lagos durante a estação de outono. Matar pelo olhar não é considerado assassinato nesse mundo?
(3)
Ó jóia da coroa entre os homens, repetidas vezes você salvou a nós, vaqueirinhas, do aperto da morte – das águas venenosas do Kaliya-hrda no Yamuna, onde residia a serpente Kaliya, de Aghasura e da chuva e da tempestade terrível de Indra. Você nos salvou do demônio redemoinho Trnavarta, do fogo do trovão de Indra, do terrível fogo da floresta, do demônio touro Aristasura, do filho de Maya chamado Vyomasura, e de todo tipo de perigo.
(4)
Ó amigo, é absolutamente correto que Você não é somente o filho de Yashoda; Você também é a Superalma que reside no coração de todas as entidades vivas. Em resposta à oração do Senhor Brahma, Você apareceu na dinastia de devotos a fim de proteger o universo.
(5)
Ó jóia da coroa da dinastia Yadu, ó amado, Suas mãos de lótus concedem destemor a essas almas que, aterrorizadas pelo círculo de nascimentos e mortes, se rendem a Seus pés de lótus. Ó realizador de nossos desejos, por favor, coloque em nossas cabeças essa mesma mão de lótus, que concede destemor e que aceitou ambas as mãos de Lakshmi.
(6)
Ó Você que destrói as tristezas dos residentes de Vraja; Ó melhor entre os heróis, o raio de luz cujo mero sorriso estilhaça o orgulho dos Seus queridos e próximos, que surge da boa fortuna, e dos sentimentos de ciúmes (mana) surgidos desse orgulho. Ó melhor amigo, por favor, realize o desejo de Suas servas. Ao menos mais uma vez, mostre a nós, moças desamparadas, Seu belo rosto de lótus e nos faça feliz.
(7)
Seus pés de lótus removem todos os pecados do passado dos seres corporificados que se rendem a eles, e eles perseguem as vacas e bezerros que pastam nos pastos. Esses pés de lótus são a morada de Lakshmi-devi, a Deusa da fortuna e beleza, e Você os colocou até mesmo sobre a cabeça de uma serpente (Kaliya). Por favor, coloque esses mesmos pés de lótus sobre nossos seios, e subjugue o nosso sofrimento que surgiu da luxúria em nossos corações. 

(8)
Ó de olhos de lótus, nós estamos atordoadas pela Sua doce voz, repleta de palavras encantadoras que capturam até mesmo as mentes de acadêmicos que são inteligentes e peritos em rasa. Ó herói, nós gopis somos Suas servas que executam todas as suas ordens. Por favor, devolva nossas vidas com a ambrosia divina dos Seus lábios.
(9)
Discussões nectáreas sobre Você são a vida e alma dos que estão atormentados por sentirem-se separados de Você, e grandes personalidades eruditas, tais como Brahma, Shiva, e os quatro Kumaras, cantam sobre elas. Essas narrações vencem o sofrimento dos pecados do passado (prarabdha e aprarabdha). Imediatamente ao serem ouvidas, elas concedem a mais elevada auspiciosidade e, sobretudo, a fortuna de prema. O néctar de Suas narrações é espalhado por aqueles que glorificam Seus passatempos, portanto tais narradores são, na verdade, os mais generosos benfeitores do mundo.
(10)
Ó amado mestre, tendo visto como conversava intimamente conosco em lugares secretos – tendo visto Sua face sorridente, que age como um estímulo para nossos desejos amorosos, Seu olhar amoroso para conosco, e Seu peito amplo, que é o lugar de descanso eterno da Deusa da fortuna – nosso anseio de encontrá-Lo cresceu muito, por isso nossas mentes estão constantemente atordoadas.
(11)
Ó mestre, ó amado, quando Você deixa Vraja para levar as vacas e outros animais para pastar, as solas dos Seus pés, que são mais macias que o lótus, devem sofrer grande dor por causa dos espinhos afiados, gramas e pontas de grãos secos. Quando pensamos sobre isso, nossa mente se torna muito agitada.
(12)
Ó amado herói, quando o dia está terminando, Você retorna da floresta, Sua face de lótus parcialmente coberta pelas mechas negras azuladas de Seu cabelo encaracolado e encoberta por uma camada muito fina de poeira, erguida pelas patas das vacas. Nessa hora, nos mostrando repetidamente Sua bela face de lótus tão belamente ornamentada, Você faz surgir desejos amorosos em nossas mentes.
(13)
Ó querido e mais amado, ó destruidor de toda tristeza, Seus pés de lótus, que realizam todos os desejos de Seus devotos rendidos, são adorados por Brahma, que nasceu do lótus, e eles são os ornamentos que embelezam a Terra. Quando se medita neles, Eles removem toda calamidade, e quando aceita-se serviço, Eles concedem suprema bem-aventurança. Gentilmente ponha Seus pés de lótus sobre nossos seios.
(14)
Ó herói, o néctar dos Seus lábios aumenta o prazer do encontro amoroso, e elimina toda a tristeza devido à separação que sentimos de Você. Seus lábios ambrosíacos são beijados apaixonadamente por Sua flauta cantante, e Eles produzem, a todo o ser humano que bebe deste néctar, mesmo que tenha sido apenas uma vez, o esquecimento de todos os outros apegos.  
(15)
Ó amado, impossibilitadas de Vê-lo, enquanto perambula pela floresta, ocupando-se em passatempos prazerosos durante o dia, nós sentimos cada momento como se fosse um milênio. Então, quando retorna da floresta no crepúsculo, apesar de nós ansiosamente contemplarmos Sua bela face de lótus adornada com mechas encaracoladas, nós ficamos muito perturbadas pelo piscar ocasional de nossos olhos. Nessa hora, para nós, o criador das pálpebras aparenta ser um tolo.
(16)
Ó Acyuta, Você bem sabe que, enfeitiçadas pela alta canção de Sua flauta, nós rejeitamos nossos maridos, filhos, irmãos, amigos, e toda nossa família. Desconsiderando seus desejos, nós desobedecemos a suas ordens e viemos até Você. Ó enganador, quem além de Você iria abandonar jovens donzelas como nós, que vieram até Você dessa maneira durante a noite?
(17)
Ó amado mestre, tendo visto como Você conversava intimamente conosco em lugares secretos –  Sua face sorridente, que age como um estímulo para nossos desejos amorosos, Seu olhar amoroso para conosco, e Seu peito amplo, que é o lugar de descanso eterno da Deusa da fortuna – nosso anseio de encontrá-Lo cresceu muito, por isso nossas mentes estão constantemente atordoadas.
(18)
Ó Krsna, Seu aparecimento destrói completamente a tristeza dos residentes de Vraja, e de todas as maneiras traz auspiciosidade ao mundo. Nossos corações, que somente desejam Você, estão  atormentados pela doença dos nossos corações, portanto, abandonando toda avareza, gentilmente dê em caridade um pouco daquela medicina que pode curar Suas amadas.
(19)
Ó amado, temendo machucar os Seus pés de lótus macios, nós cuidadosamente O colocamos em nossos seios duros. Hoje à noite, com esses mesmos pés suaves, Você está caminhando em algum lugar nesta floresta isolada. Portanto, Seus pés não estão doendo, machucados por espinhos afiados, pedras, e assim por diante? Ó Você, que é nossa própria vida, nossa inteligência está atordoada, inundada com pensamentos sobre Você.
Srila Sukadeva Gosvami disse: Ó Pariksit, dessa maneira, as gopis de Vraja, transbordando com intensa ansiedade em ver seu amado Krsna, não podiam mais conter seus sentimentos. Absortas em separação e chorando, elas falavam muitas palavras lamentosas, com suas sonoras vozes, de cortar o coração.
Então Sri Krsna, a jóia da coroa da dinastia Sura, apareceu diante das vraja-devis, que choravam. Um sorriso gentil desabrochou em Sua face. Ele adornou Seu pescoço com uma guirlanda da floresta e Seu corpo com uma veste amarela. A beleza de tal forma atordoa até mesmo a mente do Cupido, que agita a mente de todos os seres.
Então Sri Krsna, a jóia da coroa da dinastia Sura, apareceu diante das vraja-devis, que choravam. Um sorriso gentio desabrochou em Sua face. Ele adornou Seu pescoço com uma guirlanda da floresta e Seu corpo com uma veste amarela. A beleza de tal forma atordoa a mente até mesmo do Cupido, que agita a mente de todos os seres.

Gaura Premanande!

Assim termina o Gopi-gita
Tradução: Ramananda Das
Revisão: Chandra Devi Dasi